Aspectos observados no anime

Contextualizando um pouco.

Alguns fatores mostrados no anime realmente têm fundamento, devido ao contexto histórico (Belle Epoque), cujas ideias (pelo menos a maioria) são bem diferentes das de hoje. Talvez muitos que assistam a série não a entendam, mas o autor quis aproximar-se da realidade da época, de uma forma não muito complexa, para que fossem de fácil entendimento (E mesmo assim, no Japão, o público alvo, no caso garotas entre 9 e 13 anos não assimilaram-se muito bem à historia)

Pontos a serem destacados:

A questão do trabalho infantil, que naquela época era comum para as crianças mais pobres, ao contrário de hoje, onde as pessoas só podem trabalhar oficialmente (Carteira assinada) a partir dos 18 anos (Pelo menos no Brasil). Na série aparecem muitas crianças trabalhando como se fossem adultas, inclusive na companhia Dandelion, a Nadja, o Kennosuke e até mesmo a Rita já trabalham.

A questão do casamento, onde naquela época, era normal uma moça de faixa etária entre 13 e 18 anos casar com um homen mais velho. Exemplo, a Nadja acaba namorando dois rapazes mais velhos que ela (Os irmãos Harcourt) e a mãe deles, a Condessa Harcourt, casou-se com o Conde harcourt, que era bem mais velho que ela (Diferença de no mínimo 20 anos, acredito)

A questão do casamento arranjado, prática comum entre os nobres, onde as filhas de nobres eram prometidas em casamento quando se chegavam a certa idade ou ainda crianças com um rapaz também da nobreza, e neste caso, a família da moça deveria pagar um dote, em troca receberia o nome da família dele. Isso garantia status para a moça, não apenas pelo nome e sim, pelo simples fato de garantir um casamento para a moça (O que era muito valorizado na época). Um exemplo notável no anime envolve a Julieta Savieri ter sido prometida ainda criança com Leonard Cardinale

Outra questão envolvendo casamento era o respeito e a submissão da mulher e dos filhos, que era uma tradição na qual somente foi quebrada em meados do século 20. Também existe a questão da mulher não poder sair sozinha, apenas acompanhada de um homem ou uma mulher mais velha (Um exemplo é a Collete no episódio 35, onde só podia sair acompanhada com Johanna, uma mulher mais velha, e seu desaparecimento causou preocupações).

Muitos se perguntam por que a Nadja, com apenas 13 anos e perfil de uma menina mais jovem atrai tantos admiradores mais velhos. Isso acontece porque a Nadja é uma menina inocente e ao mesmo tempo alegre e “radiante”, e essa mescla de comportamentos era o que realmente chamava a atenção dos rapazes da época, pelo simples fato de que a perspectiva da Nadja de ver o mundo os tirava da vida monótona de 100 anos atrás. O tipo de comportamento da Nadja, além de atrair os rapazes da época, tenta mostrar significados para os telespectadores, principalmente a questão de “se ver a vida de uma forma positiva” e de “nunca desistir dos seus sonhos”, e a maior prova disso foi o sucesso da Nadja em seu objetivo.

Entra também a questão da desigualdade social. A Belle Époque foi o período que antecedeu a 1ª guerra mundial, marcada pela grande euforia das pessoas (No caso os nobres) que desfrutavam as novidades tecnológicas, devido à revolução industrial. Ao mesmo tempo existia a baixa qualidade de vida das pessoas mais humildes, muitas nas quais adoeciam e morriam cedo (Daí a quantidade considerável de órfãos no anime). Toda essa questão é mostrada, principalmente pelos irmãos Harcourt, que lutavam contra tudo isso, pois foram influenciados pelos ideais da Condessa Harcourt, a falecida mãe deles.

Naquela época, o status social era determinado por nascimento, ou seja, ascensão social era realmente algo difícil, só se a pessoa fosse um estudioso que inventasse algo ou utilizasse métodos sujos para isso (Como Rosemary e Antônio Fabiani). Tanto é que Rosemary, por exemplo, no episódio 32, percebe que não adiantaria nada "esperar pelo seu príncipe encantado" e que o único modo de ser uma "princesa" seria correr atrás do seu sonho, independente dos métodos que teria que usar. E realmente, isso só se concretizou (Momentaneamente), ao ter contato com alguém da nobreza (no caso, Herman)

E o que seria o Nobless Oblige?



Nobless Oblige foi um termo que já foi explicado no próprio anime, pelo personagem Francis Harcourt (detentor desse dilema). Mas acho interessante abordá-lo aqui:

Muitas vezes no anime, poderão observar Francis Harcourt utilizando a esse termo, que segundo ele, herdou de sua falecida mãe, Amélia.

Mas afinal, o que é Nobless Oblige?

Para início de conversa, Nobless Oblige é um termo francês, que se for traduzido, ficaria nobless=nobreza e oblige=obrigação. Logo, Nobless Oblige, seria “Obrigação de um nobre”.

Para se aplicar na teoria, Nobless Oblige significa praticar uma boa ação, sem levar algo em troca, simplesmente por mera satisfação.

No caso do Francis, pelo fato de ser um nobre, significa que ele se sente na obrigação de ajudar as pessoas menos favorecidas, promovendo bailes de caridade para arrecadar fundos que serão doados a orfanatos e hospitais, prática já feita pela sua mãe anos atrás.

Mas o termo nobreza, não implicaria somente a status social. Pode estar relacionado também a coração nobre, ajudar ao próximo, de acordo com as suas condições. Não apenas com dinheiro, mas com algo que seja de ajuda a alguém. Nos dias de hoje, um simples ato como ceder o lugar ao idoso no ônibus ou metrô pode ser considerado Noblesse Oblige.

No anime, por exemplo, Nadja mostra ao Francis que ajudar as pessoas, não significa apenas dar dinheiro, e sim, fazer as pessoas felizes, com algo que possa oferecer dentro do seu alcance. No episódio 13, Nadja ensina as crianças do Orfanato Le Man a dançar, atitude que chama a atenção do Francis naquele momento e que o faz questão de lembrar no episódio 45, na frente de toda a Alta Sociedade.

Esse termo não é novo: já foi usado diversas vezes em outras ocasiões como, por exemplo, na Ilíada livro XII, quando Saperdon faz um discusso incluindo o termo Nobless Oblige antes de atacar as muralhas de Argos.